"O Grande Silêncio" faz do cinema um convento
Chega na próxima quinta-feira, 8 de Fevereiro, às salas de cinema (em Lisboa, no Nimas), o filme “O Grande Silêncio”, com uma aura de sucesso internacional junto da crítica e do público. O documentário do realizador Philipe Gröning penetra no quotidiano dos monges da Cartuxa, do Mosteiro de La Grande Chartreuse, a mais rígida das ordens monásticas católicas.
Num filme que se aproxima das três horas de duração, o silêncio é marca que se impregna, apenas entrecortado por cantos gregorianos das orações dos monges ou os barulhos de quem trabalha, reza, estuda e vive em silêncio. Neste filme, a voz humana surge em escassos momentos, os poucos em que os frades se permitem conversar ou falar.
O cineasta alemão esperou 16 anos para concretizar este projecto. A primeira vez que teve a ideia, em 1984, o prior da comunidade disse-lhe que teria de esperar, por ainda não estarem preparados. Depois, quando conseguiu autorização (um telefonema a dizer-lhe “pode vir”) viveu seis meses (repartidos no tempo) entre os monges, para contemplar o ritmo próprio dos frades.
As filmagens sem luz artificial, sem música adicional, nem comentários, foram as condições impostas pelos cartuxos. E a equipa teria de ser o próprio Gröning. O resultado pode ser visto (a solidão) e ouvido (o silêncio) a partir de quinta-feira. “A maior experiência que um espectador pode ter ao ver um filme é sentir o tempo”, explica Gröning.
“O Grande Silêncio” recebeu o Prémio Europeu de Cinema para Melhor Documentário.
No comments:
Post a Comment