Reportagens do baú*: Jesus, 26 anos, procura mulher adorável
[publicada originalmente a 23 de Dezembro de 2000, no Portugal Diário]
Um site, hoje noutras mãos e com outros objectivos, apresentava Jesus, jovem «em busca do sentido da vida». A brincadeira acabou. Fica a memória
Jovem solteiro, 26 anos, louro e caucasiano, procura mulher adorável, dos 18 aos 29 anos, que queira «uma relação apaixonada e de confiança, fundada na busca do sentido da vida, como no desejo de partilhar um romance profundo e uma paixão sem limites».
É assim que se apresenta Jesus, um americano dos «subúrbios de Northern Virginia», que se antecipou a todas as entidades cristãs com o registo de um endereço único na Internet: http://www.jesus.com. Mas Jesus, o Americano, parece recusar ser vendilhão no Templo e fazer dinheiro com este domínio, vendendo-o a potenciais interessados [act.: hoje o site mudou de mãos e de objectivos; quando se escreve aquele endereço acaba-se no site de Metropolitan Community Churches; não sabemos se o jovem foi "vendilhão"]. Opta antes por apresentar uma página que poderá ser humorada, para uns, e porventura blasfema, para outros.
O Jesus deste reino também profere sermões, apresenta músicas, regista as suas acções diárias. As suas características parecem ser uma boa síntese do outro Jesus, o Nazareno: «honesto, inteligente, criativo, responsável, com sentido de humor, financeira e emocionalmente estável, enérgico e positivo».
Este Jesus é também um comum americano “WASP” («white, anglo-saxon and protestant»), por vezes muito próximo da linguagem dos tele-evangelistas que pululam as televisões americanas. Mas o que lhe falta em demagogia, sobra em humor: Jesus aprecia, entre outras coisas, longos passeios românticos e filosofia alemã do século XIX, em particular Nietzsche e Schopenhauer.
Já as candidatas a partilhar «o espírito do eterno» deverão ler uma breve passagem da primeira carta do apóstolo João: «No amor não há temor; pelo contrário, o perfeito amor lança fora o temor; de facto, o temor pressupõe castigo, e quem teme não é perfeito no amor» (1 Jo 4,18).
Talvez seja esta exigência de perfeição a retraír possíveis mulheres candidatas e o “sr. Jesus” propõe-se então dar uma oportunidade a todas aquelas que queiram «tomar duche» consigo. Uma tentação de mau gosto.
Um site, hoje noutras mãos e com outros objectivos, apresentava Jesus, jovem «em busca do sentido da vida». A brincadeira acabou. Fica a memória
Jovem solteiro, 26 anos, louro e caucasiano, procura mulher adorável, dos 18 aos 29 anos, que queira «uma relação apaixonada e de confiança, fundada na busca do sentido da vida, como no desejo de partilhar um romance profundo e uma paixão sem limites».
É assim que se apresenta Jesus, um americano dos «subúrbios de Northern Virginia», que se antecipou a todas as entidades cristãs com o registo de um endereço único na Internet: http://www.jesus.com. Mas Jesus, o Americano, parece recusar ser vendilhão no Templo e fazer dinheiro com este domínio, vendendo-o a potenciais interessados [act.: hoje o site mudou de mãos e de objectivos; quando se escreve aquele endereço acaba-se no site de Metropolitan Community Churches; não sabemos se o jovem foi "vendilhão"]. Opta antes por apresentar uma página que poderá ser humorada, para uns, e porventura blasfema, para outros.
O Jesus deste reino também profere sermões, apresenta músicas, regista as suas acções diárias. As suas características parecem ser uma boa síntese do outro Jesus, o Nazareno: «honesto, inteligente, criativo, responsável, com sentido de humor, financeira e emocionalmente estável, enérgico e positivo».
Este Jesus é também um comum americano “WASP” («white, anglo-saxon and protestant»), por vezes muito próximo da linguagem dos tele-evangelistas que pululam as televisões americanas. Mas o que lhe falta em demagogia, sobra em humor: Jesus aprecia, entre outras coisas, longos passeios românticos e filosofia alemã do século XIX, em particular Nietzsche e Schopenhauer.
Já as candidatas a partilhar «o espírito do eterno» deverão ler uma breve passagem da primeira carta do apóstolo João: «No amor não há temor; pelo contrário, o perfeito amor lança fora o temor; de facto, o temor pressupõe castigo, e quem teme não é perfeito no amor» (1 Jo 4,18).
Talvez seja esta exigência de perfeição a retraír possíveis mulheres candidatas e o “sr. Jesus” propõe-se então dar uma oportunidade a todas aquelas que queiram «tomar duche» consigo. Uma tentação de mau gosto.
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